Feminismo é tema de exposição em formato lambe-lambe no extremo da zona sul
“Identidade que não cabe no RG” é o nome do projeto realizado pela Cia Janela do Coletivo, que teve início na programação “Generalidades: Sexualidade em Trânsito”, entre os meses de março e abril, no SESC Interlagos, onde aconteceram várias oficinas, bate papos e atividades culturais abordando o tema de gênero e identidade sexual. Dentro dessa programação, foram entrevistadas e fotografadas participantes do evento, foram ativistas, feministas, artistas e pensadoras.
No total, foram 16 mulheres diversas que foram ouvidas e tiveram suas imagens fixadas em paineis. A artista buscou em conversas informais com cada uma delas o significado da palavra mulher, partindo sempre de vivências e observações acerca da condição de ser mulher. Entre as participantes, estão ativistas feministas bem conhecidas como Djamila Ribeiro (pesquisadora de Filosofia Política), blogueiras Jéssica Ipólito (do Gorda e Sapatão), Clara Averbuck e Mari Messias (do Lugar de Mulher) e MCs Luana Hansen e Tiely Queen. Além da cantora Fabiana Cozza e a jornalista especializada em games e cultura pop Flavia Gasi. Uma das frases que uma das mulheres falou é que já perdeu a esperança de encontrar um homem que banque estruturas de relacionamento com real comprometimento – emocional e nas questões práticas. A mesma lamentou o fato de ser heterossexual, pois esta falta que sente em relação aos homens, considera muito possível encontrar (porque já encontrou) em outras mulheres.
No projeto, houve a preocupação com a questão racial na escolha das participantes. Para a desenvolvedora da exposição, desde o primeiro momento foi essencial que tivessem mais negras do que brancas, mais mulheres periféricas do que classe média, com o intuito de realmente facilitar a própria identificação e a semelhança entre as frequentadoras do SESC Interlagos, que é uma das unidades mais afastadas do Centro de São Paulo. Cidade Dutra, o bairro pobre da borda da zona sul, assim como em toda periferia, tem uma população cuja a maioria é de negros e isso já justifica o critério racial do projeto.
E no intuito de dar visibilidade `as mulheres que geralmente não são vistas nem ouvidas, foram convidadas para fazer parte da composição desse mosaico feminino, mulheres como a Dona Eulina, a Marta e a haitiana Isemene – todas trabalhadoras da área de cozinha e limpeza do SESC.
O resultado final desse trabalho fica exposto até o final de junho, no arejado espaço do Recanto Infantil, onde cada mulher tem seu retrato e sua fala estampados e distribuídos no formato de lambe-lambe em cinco grandes paineis. A entrada é gratuita e é também uma grande oportunidade para quem não conhece o SESC Interlagos. Passar um dia caminhando e aproveitando a natureza linda da imensa unidade é um programa que por si só já vale a pena.
SERVIÇO
IDENTIDADE QUE NÃO CABE NO RG
Onde? SESC INTERLAGOS
Avenida Manuel Alves Soares, 1.100 – Parque Colonial –
Tel: 5662 9500
Como chegar? De ônibus, saindo do Centro: Linha 5317-10 (SESC-ORION – Praça do Correio). De trem: Estação mais próxima: Jd. Primavera-Interlagos, da linha Esmeralda
Quando? até 30 de junho de 2015 – de quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h
Quanto? Grátis
Mais infos: www.facebook.com/
Na foto, o público apreciando os paineis de lambe-lambe: Priscila, Nara e Bárbara.
Sim, o foco do blog e o feminismo, mas o blog nao existe em um vacuo. e preciso tratar de temas relacionados e, quando um ato viola direitos fundamentais acho mais do que justificavel que isso seja discutido sim dentro do feminismo. Nao estamos aqui fazendo um debate dogmatico-juridico, mas falando das implicacoes juridicas sim, porque nao das acoes do feminismo.