Pra que você quer um escritor vivo?
Três grandes escritores brasileiros morreram recentemente. E o que ouvimos são lamentos de que tudo está perdido. O que será da literatura sem os grandes pensadores?
Vamos apenas lembrar-nos de que ninguém nasce clássico e que muitos se tornam clássico após sua morte ou quando estão bem velhos. Seria um medo de depositar confianças em um escritor do seu tempo, da sua idade, que pode mudar de opinião ou de partido politico? Depois que se encerra o clico da vida e da obra, e o público e a crítica os canonizaram, não podemos negar, é mais fácil gostar de alguém e eleger como escritor favorito. É mais seguro.
Escreve este pequeno texto para te estimular a acreditar na vida e na literatura brasileira contemporânea. Vocês falam de Ariano Suassuna, mas hoje existe o Luiz Alberto de Abreu, um escritor-dramaturgo da literatura popular, sua grande obra no cinema Narradores de Javé. Na TV Hoje é Dia de Maria e no Teatro uma contribuição gigantesca assim como na sua Cia. Fraternal. Pra mim Abreu esta no mesmo nível que Suassuna, guardadas sua particularidades evidentemente. João Ubaldo Ribeiro eu não teria um comparativo tão direto como citei acima, mas vou destacar também um nordestino que é um mestre nos contos Marcelino Freire, dono de uma obra que também pensa formação e a relação atual do Povo Brasileiro e está no meio do povo declamando, palestrando. Já Rubem Alves… aí você leitor me pegou. Seria leviano de mais achar o comparativo pelo motivo de não ter lido. Sei que foi, entre tantas outras qualidades, pensador da educação brasileira, e neste aspecto me vem uma voz “Chalita” (o colunista não consegue conter as risadas e para e vai tomar água). Muitos agora já viraram o nariz e já imaginam que vou compara-lo com o ex-candidato a prefeitura de SP, mas não. Também não li. Em pensador só em vem nomes da filosofia: Marilena Chauí, Paulo Arantes, Viviane Mosé etc.
Voltando aos três citados que se foram. Eles já não deixaram suas obras para contribuição da humanidade? Vamos levar em consideração que não foi nenhuma morte precoce e nem acidente. Estavam com idades avançadas e todos com a suas saúdes comprometidas. Você queria que eles continuassem a produzir e refletir o mundo? Já fizeram. Foi pouco? Se fosse pouco não seriam lembrados com tanto lamentado.
E longe de procurar substituto escrevo aqui para lembrar-vos dos escritores-pensadores da nossa atualidade, estão vivos e produzindo. Estes podem ainda não estar nas grandes livrarias e com destaque nos “Mais vendidos”, até porque isso é uma farsa, a editora paga para colocar neste prateleira e com este destaque. E além do assim, se não o maior motivo de fomentar a leitura, não esqueçam dos novos e não tão novos assim poetas-escritores da periferia. Este estão pensando o mundo, por um ponto de vista de dentro e propagando a literatura com o povo brasileiro. E estão chamando a atenção em diversas partes do mundo e no Brasil ainda são olhados com indiferença, como uma literatura social/marginal/periférica. Não. Estes rótulos ainda existem e foi importante existir, mas logo cairá por terra, pois são e serão os escritores brasileiros que influenciam e influenciarão o pensamento do nosso país. Como diria B. Brecht: “Você tem que assumir o comando”. Essa é a hora e esse é o lugar de assumir responsabilidades e não assumir cadeiras, pois a poesia está de pé e há a urgência de novos formatos, a arte só existe até hoje porque ela se renova. Pessoas morrem, o mundo muda, não tenha medo do desconhecido. O exercício é de todos nós, seja escritor ou leitor, não será fácil nunca foi fácil. Estes três que morrem tiveram que ralar muito para atingir esta importância e foi um movimento entre tríade: escritor, leitor e critica. Sendo que neste último não vou contar muito seria um papo para um próximo texto. Fica agora o compartilhamento desta duplicidade poeta e público, escritor e leitor e ambos vivos.