Almas desertas
Onde estão os verdadeiros humanos, manos?
Mil anos se passaram e nos tornamos cada vez mais
Máquinas
Onde estão aquelas velhas pessoas, boas?
À toa enriquecem e parece que se esquecem de
Viver
Onde estão os olhares de cuidado, amados?
Ao seu lado não devo nunca me sentir como se fosse
Indiferente
Onde estão as palavras de incentivo, amigo?
Se comigo fosse mais compreensivo juntos chegaríamos
Longe
Onde estão os grandes pensadores, sonhadores?
Atores e senhores só se ocupam de falar e tudo o que dizem é
Vazio
Onde estão os vanguardistas, artistas?
As listas do sucesso listam obras e mais obras de conteúdo
Inerte
Onde estão os esquisitos, espíritos?
Sinto que há uma mania tola de todos desejarem parecer
Normais
Onde estão os beijos, os abraços e embaraços?
Escassos são os gestos de afeição e cada vez ficamos mais
Distantes
Nossos olhos já não mais atravessam outras almas
E quase engasgamos com a nossa própria
Solidão
A morte não é quando nosso coração deixa de bater,
Mas quando a sua batida para de ser música e passa a ser
Deserto
Sem cadência, nem ritmo, nem dança
Só um eterno, inferno e inverno
Deserto